sexta-feira, 29 de junho de 2007

Partia o pão de sal/ pão francês/ cacetinho pela metade/ a meio. Os anéis de prata com desenho de borboleta minuciosamente trabalhados por um ourives. Deglutiu o sanduíche rapidamente, após inserir na fenda aberta mussarela e presunto de peito de peru, engolindo sem mal mastigar, como um troglodita que temesse outro a disputá-lo a comida. Mãos tão delicadas e gestos tão grosseiros? Mal o bolo de comida atravessou o esôfago, regou tudo com coca-cola (sim, o refrigerante que patrocina a literatura sem pagá-la, como bem disse Clarice) e arrotou em seguida. Dedos tão femininos e modos tão grotescos...

Parte II

Fumou um cigarro em dois minutos, dando um trago atrás do outro, saiu correndo e bateu a porta do banheiro com violência, evacuou um líquido grosso cheirando a fossa aberta.

Um comentário:

J.M. de Castro disse...

Gosto das cenas que descreves, mínimas, mas cheias de vida. Quando as leio, ai é comigo, sempre te imagino nelas, como um personagem autobiográfico, percorrendo-as. É?