domingo, 8 de julho de 2007

Fim!

Este blog acabou. Talvez um dia eu faça outro. Meu penúltimo post não podia ser melhor: uma sincera homenagem!

Homenagem!


Olha a pose de escritor do Zézim!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Citações

"Aparentemente insignificante e ridículo diante da barreira que o oprime, [o trabalho poético] mostra-se eficaz e adquire significação social, apesar de seu isolamento, pois é capaz de produzir mudança mesmo em face do maior bloqueio. Ainda que mínimo, o ato poético participa na criação do destino humano, faz história.
[...] o ato poético é também um ato político, pois faz pensar na mudança ou com ela sonhar mesmo em meio ao bloqueio mais terrível. [...]"
"Diferentemente da metamorfose kafkaniana, que pesa para sempre como a condenação irreversível a um bloqueio absoluto, adiando infinitamente todo encontro e reduzindo à mera virtualidade todo gesto redentor, a saída de 'Áporo' parece a brecha de alguma esperança ('em verde') para um ato no limite da impotência. O poeta acaba por achar escape; dá com a reta via ao refletir sobre si mesmo, pois só assim reencontra a força geratriz da própria poesia."
ARRIGUCCI, Davi. "Dificuldades no trabalho - Sem saída". Coração partido: uma análise da poesia reflexiva de Drummond. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
(artigo sobre o poema "Áporo", de Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 30 de junho de 2007

Paródia

Elétron, elétron, ínfimo elétron.
Mais ínfimo é meu coração.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Partia o pão de sal/ pão francês/ cacetinho pela metade/ a meio. Os anéis de prata com desenho de borboleta minuciosamente trabalhados por um ourives. Deglutiu o sanduíche rapidamente, após inserir na fenda aberta mussarela e presunto de peito de peru, engolindo sem mal mastigar, como um troglodita que temesse outro a disputá-lo a comida. Mãos tão delicadas e gestos tão grosseiros? Mal o bolo de comida atravessou o esôfago, regou tudo com coca-cola (sim, o refrigerante que patrocina a literatura sem pagá-la, como bem disse Clarice) e arrotou em seguida. Dedos tão femininos e modos tão grotescos...

Parte II

Fumou um cigarro em dois minutos, dando um trago atrás do outro, saiu correndo e bateu a porta do banheiro com violência, evacuou um líquido grosso cheirando a fossa aberta.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Janis Joplin no You Tube

Praticamente não vejo nada no You Tube, não gosto de vídeos, quem me conhece bem sabe que nunca fui chegada a uma "TVlisão", mas pra Janis a gente abre uma exce:

http://www.youtube.com/watch?v=4b-y4M_jo-M

(Dedico esse "post" à minha amiga Marina Melo Joplin)

Mandelstam II

Não posso tocar

(tradução de Augusto de Campos)

Não posso tocar, no escuro,
Teu vulto vago e sombrio.
"Senhor!", por erro, murmuro,
Alheio ao que balbucio.

De mim, tal uma ave enorme,
O nome de Deus se evola.
À frente, um abismo informe,
Atrás, vazia, a gaiola.

Mandelstam

A Concha

(tradução de Augusto de Campos)

Talvez te seja inútil minha vida,
Noite; fora do golfo universal,
Como concha sem pérola, perdida,
Me arremessaste no teu areal.

Moves as ondas, como indiferente,
E cantas sem cessar tua melodia.
Mas hás de amar um dia, finalmente,
A mentira da concha sem valia.

Jazerás a seu lado pela areia
E pouco faltará para que escondas
Nessa casula onde ela se encadeia
À sonora campânula das ondas,

E as paredes da frágil concha, pouco
A pouco, se encherão do eco da espuma,
Tal como a casa de um coração oco,
Cheio de vento, de chuva e de bruma...

domingo, 24 de junho de 2007

Amálgama

As borboletas derretiam, toda a sensualidade da natureza escorria, as asas pretas com manchas brancas formavam um caldo cinza...

Bem citado pelo Zé...

... em seu orkut:

"Os livros são objetos transcendentes mas podemos amá-los do amor táctil que votamos aos maços de cigarros"

(Caetano Veloso)


(feito por mim no Corel, quando eu ainda morava em VR)

Ai


Então quando eu gozo eu puxo a noite para dentro de mim como quem abaixa uma persiana...

Pandora



Se a esperança é a última que morre, então depois que ela morre não há mais nada...
(desenho idealizado por mim e feito no Corel pela minha prima Anaisa Guedes Villani)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

"(...) um país que massacra e menospreza seus poetas sinaliza uma degenerescência grave no seu estágio civilizatório. Hoje não há decretos nem perseguições. Mas a luta dos poetas continua, em todo o mundo, e outras gerações estão sendo dissipadas, num contexto massificador e imbecilizante, onde os meios de comunicação tendem a nivelar tudo por baixo e a sufocar pelo descrédito ou pelo silêncio as tentativas de fugir ao vulgar e ao codificado."

Augusto de Campos, Poesia da Recusa

Outra campanha

Zé, não se iniba se só a Maíra aderir, afinal só você e ela têm comentado aqui. Pelo menos espero que você se comova com meu "post" e crie logo seu blog...

Fui desenhada

O coração negro de carvão.
A mente expansiva como uma gota de aquarela pingada no papel.
Eles me desenharam.
Eles.
Saí um belo fantoche.

(As pernas,
bidimensionais,
para não saírem andando por aí).

Anti-pinóquio.

quinta-feira, 21 de junho de 2007



Quando eu era criança, bem nova, era apaixonada por quindins. Depois, ainda criança, quando fiquei sabendo que eles eram feitos de gemas de ovos - e já tinha tomado nojo de ovo - parei de comê-los. Hoje ainda tenho um pouco de nojo de ovo, mas não dispenso mais este doce, voltei a ser apaixonada por ele, realmente eu tinha um paladar muito apurado, independentemente do conteúdo viscoso e fedorento por trás daquelas cascas tênues que fazem um barulho crocante quando quebradas.

Eu não disse?

Vejam quem confirmou minhas palavras! (Acho que o Ferreira Gullar anda lendo meu blog - quanta honra!)
Saiu na Folha de São Paulo, dia 10 de junho, 3 dias após um dos meus "posts" dizendo a mesma coisa com outras palavras, ilustrando com com a minha situação específica, que não é tão específica assim, afinal vivida por milhões de pessoas no mundo - não só por brasileiros:
"(...) procura-se fazer crer que a desigualdade é fruto de decisões pessoais. Ignora-se que, no sistema capitalista, quem não tem emprego também está incluído nele, como exército de reserva de mão-de-obra, com a função de pressionar o trabalhador e limitar-lhe as reivindicações."
[Ferreira Gullar - eu assino embaixo (ele só destrinchou mais o que eu quis deixar nas entrelinhas...)]

terça-feira, 19 de junho de 2007

reticências

o futuro não me vale de nada...
só tenho o presente...
(se é que o tenho.
nada me vale no presente)...

Espelho, espelho meu (ou: Desespelho)


De tanto fragmentar-me
perdi-me em estilhaços.
De quantos cacos serei feita?
De quantas plumas de quantos palhaços?
A luz escorre pela rua estreita
refletida por mil pedaços
iluminando a poeira compacta
com a qual eu mais me desfaço.

(foto de: http://www.fotolog.com/anusky84)

segunda-feira, 18 de junho de 2007