quinta-feira, 31 de maio de 2007

Fé e contra-fé e o Deus nu


Segundo os estudiosos do assunto, estamos vivendo a época neobarroca, ou seja, estamos vivendo como as pessoas viviam no período barroco. E uma das principais características barrocas é o conflito interno, por exemplo: “devo crer em Deus ou não?” E a dúvida fica latente em sua cabeça e ora você age como se fosse um beato, ora como se fosse um ateu.
Eu sempre me senti muito barroca, mesmo antes de saber que a época atual foi batizada de Neobarroco. Então, diante da apresentação do Papa Bento XVI no primeiro dia em que esteve no Brasil, no estádio do Pacaembu, racionalizava tudo de negativo que essa visita traz, com a maior lucidez, mas não deixei também de sentir uma energia positiva (não, não sugestionada por “musiquinhas comoventes” que eles colocam com esse exato intuito. Mas uma coisa maior, como se, apesar de toda a minha revolta contra um papa que quer a volta das missas celebradas em latim, que apoiou o nazismo e que defende a castidade antes do casamento, mesmo assim a simples presença desse papa no Brasil “me fez sentir algo nobre no coração”, por mais horrivelmente piegas que essa frase possa parecer!). Vai entender? Barroco purinho!



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Mitologia é o nome que se dá às religiões que morreram, como no caso da greco-romana ou da nórdica, cujos deuses ninguém cultua mais, cujos rituais ninguém mais pratica. Do mesmo modo que tais religiões vieram a morrer, o que impede que o cristianismo também não acabe um dia? Se teve um nascimento, também pode ter um fim. O que não necessariamente significa que Deus não existe. Talvez as religiões sejam meios deturpados de se chegar a Deus. E talvez um dia os seres humanos se aperfeiçoem tanto que não precisem mais de religiões para se chegar a Deus. O seguinte trecho do texto “Deuses estagiários”, de Mário Quintana, exemplifica o que quero dizer: “Essas imagens dos deuses mortos são os vestuários sucessivamente usados e despidos pelo Deus único e verdadeiro. Continua, contudo, a existir em vários deuses simultâneos, contemporizando, digamos, com a imagem que dele faz cada raça, religião ou criatura. É um só, mas a estagiar nos múltiplos patamares das civilizações e das concepções individuais”.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

as pessoas acham que é preciso passar fome ou ter um câncer para sofrer, que o sofrimento só pode ser físico...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Arco-íris em bastões esguios



Lápis de cor agradam sinestesicamente: pela visão (o colorido calidoscópico com sabor de infância); pelo cheiro de cera perfumada; pelo som dos lápis em contato uns com os outros, fazendo tilin-tlim (dá uma boa percussão); enfim, pelo tato, quando os tocamos para criar, rabiscar ou simplesmente pelo prazer de tê-los à mão.
(Imagem retirada de www.fotolog.com/11mas1)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Beijo cego

Apesar do título do blog, também publicarei aqui contos, crônicas e o que mais der na telha. Aí vai um conto que, assim como o desenho do macaco, também foi feito quando eu ainda morava em VR:

Embora tivesse boas vistas, Natália sentia o mundo muito mais pelo tato. Aquela mulher, por exemplo, que via recolhendo algas na beira da praia. Por quê ela fazia aquilo? Mas se pudesse tocar as algas, ela saberia o motivo.
Era como se seus sensores nervosos da pele a conectasse diretamente com a vida, dando-lhe todas as respostas necessárias e um prazer imensurável.
Seus dedos eram seus verdadeiros olhos. Ao deslizá-los sobre uma superfície epitelial, podia sentir cada célula, cada pêlo, nervuras, o relevo de uma pinta...
As fotografias, que são o encanto de todos, nada significavam para ela, já que exigiam muito mais da visão.
Às apalpadelas, seus dedos tiravam das coisas o sabor que as papilas gustativas experimentam ao ter contato com um sorvete.
O contorno de tudo só existia quando tocado, pois quando olhado não passava de neblina e fumaça.
Natália adorava a abóbada celeste quando escura, mas não podia tocá-la. Por isso deu um beijo cego na noite, aspirando as estrelas, que, ao paladar, se assemelhavam a carambolas fatiadas emitindo luz.
Assim, passou a exercitar também a gustação.

domingo, 20 de maio de 2007

Macaco



Fiz esse desenho no Corel Draw já faz um tempo, quando ainda morava em Volta Redonda...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Hoje foi um dia tão fascinante que tenho medo de escrever sobre ele aqui e "a carruagem virar abóbora". Pois, se virar, tive um dia feliz na minha vida. Bem, desde que me mudei pra Vitória, há quase um ano e meio, nunca tinha me sentido entre amigos, deliciosa sensação que aconteceu hoje! E o melhor é que sei onde encontrá-los sempre! Deixe-me esclarecer: fui simplesmente participar de um seminário interensantíssimo e no meio de uma das palestras que não estava tão boa, a apresentadora nervosa e tudo, saí para comprar papel avulso para servir de rascunho, pois minhas folhas para anotações estavam acabando (quando escrevo com pressa minha letras ficam do tamanho de um hipopótamo cada uma!), só que a papelaria era num outro prédio, também do curso de artes, mas onde estava havendo uma exposição dessas em que o público pode intaragir com as obras, tocando-as e mudando seus componentes móveis de posição. Aí me interessei por duas obras de fotografia - com essas não era possível interagir além do que se interage com uma obra como as tradicionais - e as duas eram 7 reais. Todas as outras obras expostas eram 7 reais, achei que fosse algo padrão, algo combinado entre os alunos, sei lá, mas depois fui perguntar e descobri que as etiquetinhas com o escrito "7,00" era a obra de uma outra aluna (achei bem criativo, para falar a verdade!) Nisso que fui perguntar sobre as obras, perguntei foi para a galera que estava na sala do DA , e aí logo já rolou uma interação que eu nunca havia visto rolar aqui em Vitória, uma intereção entre eu e as outras pessoas, e isso é tão bom e tão gostoso e tão comum no estado do Rio, e aqui eu já estava quase surtando por não conseguir me relacionar com ninguém, enfim... Voltei para a palestra, tinha acabado a da mulher nervosa e ia começar outra, que não lembro sobre o que foi, mas tenho minhas anotações ali, todas bonitinhas (é que anotei coisa demais hoje!). A palestra que então começou foi muito boa e entre seu fim e a próxima palestra teria 3 horas de intervalo, no qual eu não tinha nada programado para fazer, a princípio ficaria "coçando", olhando para as paredes se não conseguisse me concentrar em meus livros... então o que fiz? Comi uma "fast food", voltei para o DA e me diverti muito com as pessoas lá... enfim, foi isso. Se você acha pouco, é porque não sabe o que é ficar um ano e meio exilado numa terra de antissolidários e arrogantes...

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Começando com um desabafo

Acho que o nome do blog diz tudo, né? Estou aqui para publicar minhas resenhas, crônicas e desabafos (azar de quem os ler, hehe). Já que ninguém quer me publicar mesmo... tenho escrito muito, terminei um livro de poesias e tenho 3 romances começados, um deles quase acabado, mas ninguém quer publicá-los. Ou seja, sou uma escritora fracassada, pois foi justamente isso o que sempre quis ser: uma escritora. E sou. Mas ninguém sabe que eu existo (sim, tenho ascendente em leão, necessito ser reconhecida pela minha competência, que eu sei que eu tenho!) Aliás, sempre me disseram que tenho talento e competência, o que falta então? Pessoas que se preocupem menos com futebol e mais com literatura? É, talvez seja isso... Já vou logo avisando que não manjo muito de blog, só sei fazer as operações mais simples, por isso, vocês vão ter que se contentar com a simplicidade. Aliás, simplicidade é tudo! Não querem que eu encha a minha tela de paetês, né, gente? Nada contra o homossexualismo! (Além de mendigar editoras para os livros também mendiguei revistas para minhas crônicas e tudo deu em nada! Triste!)